sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Teorias e Crenças



Estar ali presente por si só é a meta. 

Quando você abre os olhos dentro de si mesmo ri. É que meditação é felicidade. 

Meditação é uma felicidade silenciosa e com ela, a bênção. E essa bênção é quando finalmente existimos através de uma mente sem conflito, e descobrimos uma vida em que há unidade, compaixão, beleza e, portanto, amor e felicidade.  

Ali presente e de olhos bem abertos você é o próprio Todo Uno da Vida. 

A base da meditação é essa presença consciente que olha alerta dentro da mente. Se não estabelecemos em nós mesmos essa base, então a mente segue dividindo a Vida entre "nascimento" contra "morte". E aquilo que é essa autêntica felicidade permanece ai dentro; sem fim e sem causa. Está aí como algo que não pode ser avaliado pelo que você pensa e existe ali dentro de você independente do tempo. 

Meditação, não é a procura de alguma visão santificada e não é algo que você possa usar para satisfazer seus interesses pessoais, ainda que isso seja exaltado pelas tradições com seus especialistas obcecados por influência, adoração e poder. 

A mente toma toda existência como um espelho; então projeta seus desejos nele, lança seus sonhos sobre o espelho. Fascinada com o que vê refletido no espelho a mente está sempre em busca de algo para se satisfazer, algo com que possa se sentir em segurança ou algo para experimentar uma sensação de poder.

Adormecido em si mesmo você olha para a Vida através desse espelho cheio de sonhos; então o que vê são suas próprias projeções mentais automáticas. Profundamente ausente olha para a Vida e o que vê são os sonhos da mente. 

Lutar pelos sonhos que você vê no espelho da mente, mantém você dormindo por dentro. E porque está adormecido não pode ver. Sem ver, não pode se unir e conhecer a Vida; e sem esse conhecimento surgem o medo e as dúvidas que fazem você olhar para fora. Então, diante do conflito das dúvidas, a mente fica inventando explicações, cria justificativas e foge para dentro de mil pensamentos. 

É esse seu sono mental não admitido que faz você desconfiado, tenso e cheio de dúvidas, sempre em busca de algo para acreditar. Não há conhecimento, então tem de crer em alguma coisa. E a mente fica criando teorias, filosofias, sistemas, apenas para se sentir segura, satisfeita e no controle. Então o pensamento surge e diz: "Tudo vai bem" e você acredita que nada vai mau. 

Está tudo bem e você pode continuar dormindo, existindo no automático através de uma ausência mental sem fim. 

Todas as crenças, ideias, opiniões, explicações e teorias existem apenas para reprimir suas dúvidas, controlar a insatisfação, a insegurança, o medo e a sensação deprimente de tristeza, de fraqueza e solidão que vem de seu eu. E a mente segue lutando pela defesa de suas teorias e crenças apenas para que tudo pareça ir bem e nada vá mau… 

Mas tudo vai muito mal quando você permanece adormecido. Está dormindo e toma o sonho de se satisfazer, o sonho de possuir, o sonho de estar no poder como algo real. Está ausente e sempre olhando a Vida através do que você quer para se satisfazer. 

Prazer é a satisfação disso que você quer e espera possuir. A felicidade é outra coisa. Você gosta de pensar que felicidade é um prazer muito grande. Não é. O prazer pode ser buscado e encontrado, de muitas maneiras, mas a felicidade não pode vir de uma busca e não virá daquilo que você tem para se satisfazer; seja isso o que for. 

O que lhe dá prazer e uma sensação de poder está sempre em coisas exteriores a você. A felicidade só pode vir de dentro; e isso não pode vir a você como resultado do desejo automático de lutar para ser feliz. 

A felicidade simples e luminosa da meditação só pode surgir quando você deixar essa obsessão de ter que acreditar e parar de lutar pelas sombras que julga ver refletidas no espelho que é a mente.

Então nessa liberdade interior a simplicidade feliz nasce de si mesma como um intenso sentimento de presença, como uma tremenda intensidade de percepção total, como uma súbita experiência de unidade. Isso não virá do que você está fazendo para "ser feliz". 

Você pode entrar agora em si mesmo e olhar dentro do que está acontecendo na mente quando você quer muito ter algo para se satisfazer. Você pode parar um pouco de perseguir o que quer e olhar dentro do que acontece quando a mente deseja se sentir em segurança, ou quer se sentir poderosa e especial.

Mas você não quer olhar ali; e sempre escolhe continuar pensando e sonhando. Por que? 

Tem de proteger seus sonhos, precisa defender esse seu eu sombrio que lhe dá a sensação de ser. Mas é apenas isso; uma falsa sensação criada pelo eu. Não é o Ser. Daí a insatisfação, a carência, a frustração e o sofrimento.

O Ser está aí detrás do que você pensa o tempo todo. Celebre-O!



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Teorias e Crenças

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Paixão Criadora



No caminho a primeira coisa a compreender é o que significa a Consciência.

Você quer alguma coisa, olha para fora ansioso e "vai a luta".
Vai andando pelas ruas fazendo o que tem de fazer para ter o que quer.
Está consciente de muitas coisas: da correria nas lojas, da gente apressada e preocupada que passa a seu lado, da fumaça e do ruído do tráfico; de quase tudo.
É consciente de tantas coisas; tem uma consciência automática de quase tudo. Só está inconsciente de uma coisa… 

E essa coisa é você.

Vai andando pela rua atrás de seus sonhos, parece estar consciente de tantas coisas... só não é consciente de você mesmo! 

A essa Consciência da gente mesmo enquanto fazemos o que temos de fazer, a Mestria chama: "Olhar dentro de si mesmo."

Diz A Mestria: "O tempo todo, esteja onde esteja, lembra de estar consciente de si mesmo."

O tempo todo você está querendo ter algo, possuir alguma coisa para se sentir feliz, então tem de entrar em ação.  Por fora parece estar muito acordado. Muito sério, preocupado com seus desejos.

Por dentro está ausente e adormecido.

O tempo todo você corre atrás de seus sonhos, por fora está consciente de muitas coisas; parece estar vivendo sua vida. Por dentro dorme; está meio morto. Não há união com a Vida.

Faça o que faça lá fora, por dentro precisa fazer uma só coisa: ser consciente de que você o está fazendo.

Se está comendo, olha para isso. Esteja consciente de você mesmo comendo. Se está andando, usa isso. Fica presente e seja consciente de você mesmo andando. Se está escutando, se está falando; fica consciente e olha dentro de si mesmo enquanto escuta, pensa e fala. 

Está com raiva, esse é o momento! Aproveita a raiva e lembra de estar consciente de si mesmo, muito irritado. No mesmo momento em que explode a ira, essa é a oportunidade para mais consciência: Para um pouco e fica presente; seja consciente de você mesmo irritado.

Essa presença muito consciente que olha dentro da mente é como um fogo.
Isso de se lembrar o tempo todo de estar presente e olhar dentro da gente mesmo, cria em nós uma sutil energia... Essa nova presença alerta desperta em você um fogo muito sutil, vibrante. É difícil ver isso; mas está aí. De início não se percebe; mas está lá.

É presença, é você acordado dentro da mente.

Nessa consciência acordada você começa a ser algo que arde em chamas. É o Ser. Esse eu que quer alguma coisa é seu sono. O Ser é seu despertar interior. Na ausência adormecida, você não é mais que água, escuridão e vento. Está dormindo; meio morto. Não há explosão, não há um fogo verdadeiro… Só algo líquido, viscoso e escuro, só uma mistura caótica de muitas coisas, sem nenhum fogo aceso. na sua ausência a mente é como uma multidão de cegos que se agita e muda constantemente, sem nenhum fogo, sem Luz, sem qualquer unidade.

A Consciência é o que converte você em fogo… faz você uno e luminoso.

Quando se diz "fogo" isso se refere a uma presença erguida… uma presença intensa e contínua, que eleva-se e olha dentro o tempo todo. O fogo é algo que incendeia e sobe; a água é algo que cai.

Diz a Mestria: "O tempo todo, faça o que faça, lembra de ficar presente e olhar consciente em si mesmo."

Faça o que faça, e mesmo que não faça nada, uma coisa deve fazer o tempo todo por dentro: mais e mais consciência.

A Consciência de que você É.

Essa simples sensação de "ser em si mesmo", cria um fogo aí dentro. A simples percepção consciente de que você É enquanto faz o que tem de fazer, cria em você um centro luminoso em chamas.

É a unidade natural do Ser em iluminação.

Em você isso é um centro em quietude, um centro de silêncio, um centro de consciência interior. Está ardendo em chamas. A flor de uma potência interior. A Vida vem dali; a consciência ilumina ali. E quando se diz "uma potência interior" toma isso ao pé da letra. É uma chama viva. Puro poder; potência em criação constante. E arde aí dentro.

Por isso a Mestria fala do "fogo da Consciência." É um fogo iluminando a eternidade. A chama viva da Consciência. Você nasce ali para essa consciência.

Está aí dentro, chama por sua presença e pede que abra os olhos ali. Se começar a lembrar de se fazer consciente enquanto faz o que tem de fazer, começa a sentir em você uma nova energia, um novo fogo, uma nova vida. E graças a essa vida nova, esse novo poder, a nova energia, muitas coisas que estavam dominando se dissolvem. Já não tem que lutar com elas. 

A escuridão mental do sono se dissolve, a ausência da morte se dissolve, a carência e o sofrimento chegam ao fim. O eu desaparece com seus sonhos. A água aquece, ferve e evapora. Livre e em chamas você sobe de volta ao Ser.

Se permanece ausente e adormecido tem de lutar. Tem que lutar com sua raiva, com sua inveja, com seu sexo, porque está fraco e a mente domina. Não há fogo. E ali presente e se fazendo mais e mais consciente, pode ver que a inveja, a raiva e o sexo não são o problema; o problema é a fraqueza, o problema é seu sono, o problema é sua ausência mental inconsciente.

Essa presença consciente que olha alerta ali dentro faz você mais forte, mais vivo, mais amoroso. Assim que começa a ser mais forte por dentro está ardendo, assim que aprende a viver com uma sensação de presença interior, arde em chamas... Quando sente que É, vivendo através do Ser, suas energias se vão reunindo mais e mais, e quando chegam a se unir em um único centro incendeiam e explodem. 

Então nasce o Ser.

Diz A Mestria: "O tempo todo, fica presente e olha consciente dentro de si mesmo."

A ausência adormecida cria um ego. Não é o Ser; é um Eu. O ego é sempre uma falsa sensação de ser. É o Eu, ainda não é o Ser. Vem da sua ausência mental adormecida.

O Ser é a presença em chamas; uma presença todo acordada que abre os olhos dentro da mente. Um fogo vivo; criação constante, vibrante, dançando aí dentro onde você não quer olhar.

Seu ego não é assim; é uma falsa sensação de ser. Sem ter nenhum Ser, segue acreditando que o tem… isso é o ego. Está adormecido e meio morto por dentro. E segue acreditando que está vivendo sua vida. É um sonho, e essa crença é seu ego.

O ego é uma sensação falsa de ser… ainda não arde em chamas. Não há presença, ainda não olha dentro... está consciente de muitas coisas, menos de si mesmo. Ainda não é a Consciência. E andando pelas ruas, faz muitas coisas e está consciente de quase tudo. Ainda não é um Ser, e mesmo assim segue acreditando que é.

Isso é a ausência do fogo vivo da Consciência. 

Adormecido e meio morto por dentro, segue acreditando que está fazendo alguma coisa. Não pode estar porque ainda não É.  Só o Ser pode arder e entrar em ação; e o Ser pode criar e levar isso à realização. Está em chamas e ilumina a eternidade.
O eu só pode lutar com seus sonhos. O fogo não arde ainda.

Quer ser feliz? Então o tempo todo vigia, até que arda.


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Paixão Criadora

O Ser está aí. Celebra!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Vazio em Chamas



Você não quer parar... e não pode ficar quieto

Você não gosta do silêncio
Não gosta do vazio
Você não gosta de estar sem um eu...
Então você rejeita a meditação.
E rejeita também a totalidade de Ser que é a vida.

O pensamento constante cria uma vida feita de sonhos e mantém um jogo de falsidades e ilusões.
Mas se você pode estar presente em si mesmo e olhar dentro das reações da mente; se pode viver atento a tudo o que se passa aí dentro, e se move para fora através de seu ser. 
Se você pode então estar simplesmente aí e olhar em si mesmo sem qualquer rejeição ou escolha... 

Então, isto, essa sua maneira simples e silenciosa de viver é a base da meditação. 

Deixar o vazio em chamas consumir a identidade e os sonhos
Isso é sua mais profunda natureza. É a substância mesma de seu ser. 
Olhar para a vida sem distorcer nada, sem resistência nenhuma; e mesmo assim, funcionar efetivamente, objetivamente e responder a necessidade do momento. 

Meditação é se mover no mundo através do conhecimento diário, mas liberto de ideias e palavras...
Penetrar em silêncio o desconhecido em cada coisa, em cada momento.  

Qual o propósito de estar ali presente? Para que serve essa meditação da presença alerta?  
É que ali dentro de seu ser em unificação o Amor é livre para se mover. A ação do Amor torna-se então bênção e divindade. Divina felicidade.

"O que ainda não é" somos nós mesmos; e isso é a nossa mente condicionada para viver através da divisão onde nosso eu se esconde...

E a disciplina que é olhar dentro disso que ainda não É; isso é a austeridade de aprender sobre si mesmo!

Isso é tudo. Nada há além disso. 


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Vazio em Chamas

O Ser está aí. Desfrute-O!

terça-feira, 17 de novembro de 2015

A Morte é o Supremo Amor



O que acontece quando morremos? I     O que acontece quando morremos? II

O que acontece quando morremos? III

Brahma e Vishnu procuram Shiva para tratar sobre um assunto urgente, e o encontram entretido no ato sexual com sua esposa. Shiva, a Morte está tão absorvido no ato que não se dá conta de que os outros dois deuses, Criação e Duração haviam entrado em sua habitação.

É muito rica e muito bela essa imagem mítica da morte transformada em uma unidade que flui entre Shiva, Brahma e Vishnu, três em um; o três que é UM. Uma divina unidade onde a dualidade chega ao fim. Destruição-Criação-Duração: três deuses reunidos em um só Ser Uno.

Então a Morte não pode ser destruição; é uma dança que flui, uma respiração constante entre destruição, criação e duração. E morte é criação e duração; quanto mais morte, mais duração e mais a vida se prolonga; quanto mais morte, mais criação e mais a vida se renova. 

E ainda há mais: a Morte é uma habitação, algo mais que só espaço, há algo vivo ali, alguém respira ali; é a habitação de alguém. O divino Ser, a divindade, o Uno habita ali, é a habitação interior do Uno vivo em seu próprio mistério em iluminação. 

É o que encontramos quando abrimos os olhos dentro de nós mesmos. 

E há ali destruição e criação, unindo-se sexualmente em favor da sustentação da vida enquanto que o resultado dessa fusão amorosa, luminosa e constante é uma eternidade de ser natural, viva, feliz, criadora. É muito, muito belo esse símbolo.

A Morte está aí e a mente está reagindo. Então em lugar de tentar escapar, você experimenta algo completamente novo, permanece no corpo, fica presente e olha ali dentro; há profunda penetração e surgem símbolos para o conhecimento interior: três deuses em um só. 

São símbolos. São idéias e a imagem de um deus está ali, mas não são reações que estejam vindo do medo, não são obsessões vindas de uma reação violenta de ódio porque estamos perdendo tudo possuímos. 

São pura arte, parece uma brincadeira bem humorada que desperta a criança em nós, uma gostosa brincadeira feliz que nos leva a um encontro profundo com o desconhecido enquanto o mistério ganha expressão por meio de uma rica linguagem; enquanto lança uma ponte que dá acesso ao desconhecido.

É a linguagem do amor, daí a ênfase do mito no sexo, e não é somente sexo, é uma absorção profunda, um desaparecimento total na habitação do que é Divino. Não é uma reação automática e inconsciente de quem se debate e está com medo, trata-se do conhecimento místico profundo de quem é sensível e feliz como uma criança.

É simbólico mas não é uma reação, é antes uma elevada forma de autoconhecimento porque quem morre somos nós; trata-se de você e eu que nascemos para o conhecimento profundo e total da morte e isso somos nós, é nossa essência mais básica. 

E entrar nessa habitação é um novo nascimento em nós mesmos e uma nova criação; significa que a experiência da Morte é o conhecimento da Luz que é própria Vida. E essa nova Luz é nossa mais profunda natureza, aquilo somos nós em nossa mais íntima realidade; pura divindade. É muito belo, até onde nos leva, o que nos dá a conhecer essa linguagem mítica do Amor.

A Morte é a habitação da Vida, destruição-criação-sustentação para mais e mais vida; e a Morte é o fim do diminuto eu, a mente cessa ali e súbito você é um com a Vida em si; de repente você conhece a Vida tal como ela é em sua eternidade de ser natural: divina e Suprema. 

A Morte aí está, no corpo, na respiração, é a vida mesma. Diante da Morte, a mente reage e tenta escapar; ali ela não pode se mover, ali dentro naquela habitação a mente cessa e seu eu desaparece. Para a mente é total destruição e porque você está adormecido ali não pode ver que aquela destruição é para mais e mais vida; é criação, é duração; está ausente, não pode ver, tem medo e se agarra na mente. 

A mente reage e rejeita aquilo, foge para dentro de uma atitude “contra” expulsa  a morte para o "fim da vida" e arrasta você para dentro dessa escuridão dividida. A mente é contra a morte, não deseja perder seu eu, deseja que seus sonhos continuem, anseia em continuar a viver em seus sonhos e arrasta você para dentro do sonho.

A mente não deseja morrer e a Morte aí está, inexorável, divina, eterna; então mente é contra. 

Mas se abrimos os olhos ali dentro podemos ser totais outra vez; ali está a Luz da qual surgimos e ali somos livres para ser um com a Luz outra vez. E a Luz é a Vida, ali a Luz não é somente energia, é pura divindade, a Divindade em seu Ser Uno, da qual surgimos e agora retornamos em plenitude de conhecimento; em plenitude de consciência.

Essa habitação é nossa existência, é nosso próprio corpo; e aquele medo é nosso eu, aquela fuga sem fim é nossa mente cotidiana, e para nós a Morte é essa ausência de amor, ausência de unidade, ausência de Luz. 

Mas apenas porque permanecemos adormecidos na divina Luz da Vida.

E precisamos brincar como uma criança, ser de novo um com nossa inocência, descermos de volta ao que é natural em nós e estarmos ali presentes, de olhos abertos, em plenitude de consciência, só então podemos retornar à felicidade de sermos um com o Uno outra vez.


Gratidão a Shiva-Brahma-Vishnu


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A Morte é o Amor

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Aproveite!

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Morrer para a Divisão



Veja o artigo anterior

O que acontece quando morremos? II


Brahma e Vishnu procuram Shiva para tratar sobre um assunto urgente, e o encontram entretido no ato sexual com sua esposa. Shiva, a Morte está tão absorvido no ato que não se dá conta de que os outros dois deuses, Criação e Duração haviam entrado em sua habitação...

Que imagem extraordinária essa que surge da comunicação com a Morte por meio de símbolos, nada que ver com um jogo de crença, nada que ver com religião; pura espiritualidade, pura divindade. Porque entrar ali e conhecer a Morte por dentro é desaparecer no que só pode ser chamado de Divino. 

Esse conhecimento intuitivo da Morte por dentro é a essência do que chamamos de autoconhecimento.

A Morte está tão absorvida no ato sexual que não se dá conta de que os outros dois deuses estão ali em sua habitação…

Essa extraordinária imagem está dizendo que a Morte existe em seu próprio espaço. Esse espaço existe aí mesmo onde você está e só permanece oculto para quem olha através da mente consciente. 

O lugar oculto da Morte é um espaço de divindade e isso é seu interior; ali a Morte é como um lar, é onde habita a Divindade. Ali o Divino é três: Destruição-Criação-Sustentação; e não são três, são um só. 

Destruição onde se fundem Criação e Duração; Duração onde se fundem Destruição e Criação; Criação onde se fundem Destruição e Duração. Então conhecer um é conhecer os outros dois e retornar ao Uno; e essa experiência de retorno ao Uno é uma dança de fusão entre trindade e dualidade onde ambos, o três e o dois desaparecem.  

E isso é a Morte autêntica; um desaparecimento de olhos abertos na unidade natural, e ali a experiência do fim das diferenças, das distâncias e das divisões.

Não são dois, é o três; não são três, é o dois e não são dois e nem três é o um. Um retorno consciente ao um. Essa unidade do três com o dois é o Uno, e a Morte é uma profunda penetração nisso que é o Uno, ali onde o três e o dois se encontram por meio de uma sexualidade divina e estão desaparecendo, fundindo-se um no outro, para mais e mais Vida.

Shiva, Brahma e Vishnu não são três, são o Uno. Conhecer isso em si mesmo é descobrir o que é a Morte por dentro!

Shiva-Brahma-Vishnu: Morte é Destruição. A destruição é criação que provoca duração; isso é penetrar o mistério daquilo que é eterno. Conhecer isso em nós mesmos é a mais alta realização, e não pode haver liberdade maior do que essa. Puro êxtase, suprema felicidade.

Shiva-Brahma-Vishnu: Morte é Criação. A criação é destruição que produz duração; isso é a penetração profunda no Reino de volta à Vida eterna. Conhecer isso em nós mesmos é a mais alta iluminação, realização profunda, supremo êxtase.

Shiva-Brahma-Vishnu: Morte é Duração. A duração é destruição que gera mais e mais criação; isso é penetrar a mais íntima natureza. Conhecer isso em nós mesmos é a mais alta realização, é nos tornarmos um com a Vida e voltar para casa;  A mais alta iluminação, pura felicidade.

Que coisa devastadora que é o conhecimento profundo do que se oculta em nós. É estar presente e abrir os olhos nesse espaço profundo onde a mente cessa. É conhecer ali dentro nossa real natureza criadora na descoberta da Luz interior da qual surgimos a cada momento em manifestação constante, pura e natural. Então nesse mesmo conhecimento interior nos tornarmos senhores de nós mesmos, governantes de nossa própria existência.

Shiva é Brahma, Brahma é Vishnu e Vishnu é Shiva e Brahma. O Supremo, Morte em iluminação, Vida em plenitude na consciência. Não são três, são um só Ser Uno; são uma divina unidade; são criação, destruição e duração reunidas em um só espaço profundo, um espaço em iluminação, uma habitação onde há encontro, fusão e supremo êxtase. Isso somos nós mesmos. É a revelação do que somos por dentro, a revelação do que trazemos dentro de nós, a revelação daquilo de que temos medo e rejeitamos em nós mesmos.

O medo surge do fato de que ali, a mente cessa e o pensamento não pode se mover. Então tal como estamos não podemos existir ali; tal como pensamos ser por fora não podemos estar ali. 

Significa que ali dentro, dentro da Morte não pode haver destruição sem criação e duração; se um ali está, os outros dois estão presentes em fusão. E a morte não é mais essa lamentável destruição final de tudo que nos causa medo e ódio; diante dessa extraordinária simbólica cheia de divindade agora ela pode ser também encontro, gozo e diálogo. Agora pode ser também uma união sexual entre macho e fêmea e então penetramos o mistério de nossa própria sexualidade, enquanto a Morte mostra-se como um ritmo de fusão criadora entre uma tríade de deuses e nossa própria dualidade sexual. 

O que acontece quando morremos? Há destruição, então uma sempre nova criação para mais e mais duração. Pura Vida eterna em plenitude diante de nossos olhos abertos.

E estamos de volta ao Reino e em uma nova união ao Ser Uno que ali habita. Isso é a descoberta do que já somos por dentro. E se ali presentes, penetramos a mente e abrimos os olhos além, é a realização, a eternidade; Vida em iluminação, espaço em plenitude. A Morte é essa penetração profunda que nos ilumina por dentro.

Antes na escuridão da mente dividida, diante da Morte só haviam reações de medo e ódio, agora sob a claridade de uma nova Luz você pode rir e gozar. Antes na ausência do conhecimento, você tinha de lutar e fugir para dentro da escuridão, agora na plenitude desse conhecimento do que já É por dentro, você é livre para relaxar, gozar e celebrar uma nova Luz viva. 

Morte, sexualidade e Divindade; três deuses. São símbolos de conhecimento interior; é muito belo.


Gratidão a Shiva-Brahma-Vishnu.

O que acontece quando morremos? I    O que acontece quando morremos? III


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Morrer para_a Divisão

Aproveite.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Morrer para sua Mente



O que acontece quando morremos? I

Essa é uma pergunta muito fundamental, por isso é que essa pergunta está na base de toda busca espiritual, e o tipo de resposta que se tenta dar a ela é o define uma doutrina religiosa da outra. 

Quando o tema é a morte, de imediato surgem duas reações, ou está ali a religião com sua obsessão pela crença ou está ali uma reação contra a religião. Diante da ideia da morte, imediatamente a mente reage e luta para se manter agarrada a alguma coisa, persegue algo em que acreditar; então ou você crê ou acredita que crença é bobagem.

A morte está ali e a mente reage. É dessa reação automática diante do fato da morte que então surge “a ideia de um deus” cujo sinônimo é “crer” ou a ideia oposta "não existe isso de um deus", uma crença também. A reação da mente em ambos os casos é a mesma: buscar algo em que acreditar, acreditar a em algo que diminua  a ansiedade mental diante da fatalidade inevitável que é a morte. 

A Morte ali está. Então surgem idéias e as idéias se juntam em teorias; ideia de reencarnação, ideia de ressurreição, ideia de céu e de inferno, ideia de purgatório onde se pagam as dívidas cármicas, ideia de pecado e ideia de que nada disso existe a não ser na cabeça de quem crê. São reações da mente diante da morte.

A Índia e as coisas orientais são muito belas e muito significativas. Na mitologia hindu, a figura de Shiva representa a “Trindade da Morte”; a morte é três, é uma tríade que inclui três ideias simbólicas muito belas:

A ideia de destruição e morte, onde o símbolo é Shiva. 
A idéia de criação, onde o símbolo é Brahma.
 E a ideia de sustentação e duração cujo símbolo é Vishnu. 

É belo. Diante da morte a mente está criando símbolos e isso é belo porque então não se trata somente de reações automáticas, mas há ali também uma tentativa de comunicação com o fato real da morte, uma comunicação com o desconhecido. Se há comunicação então pode haver descoberta, pode haver conhecimento; e mais ainda, se há ali comunicação entre quem morre e a morte, há também encontro e relacionamento. 

Segundo conta o mito, Brahma e Vishnu procuram Shiva para tratar sobre um assunto urgente, e o encontram entretido no ato sexual com sua esposa. Shiva, a Morte está tão absorvido no ato que não se dá conta de que os outros dois deuses, Criação e Duração haviam entrado em sua habitação. 

Cansados por terem de esperar em pé durante horas até que Shiva finalmente note sua divina presença, Brahma e Vishnu irritados, lançam uma maldição sobre o deus da morte declarando que a partir de então sua imagem seria representada pelo símbolo fálico do pênis erguido: o Shivalingam.

Relacionamento, encontro, fusão, gozo, comunicação; isso é o amor. É muito bela essa mitologia.

“Shiva absorvido em um encontro sexual com a esposa.” 


A Morte tem uma esposa; a Morte é como um matrimônio e a Morte é uma união sexual… São símbolos; e como são belos esses símbolos. Uma esposa, um matrimônio, um encontro sexual; o que é isso? É amor; a Morte é o Amor! 

Essa imagem representa uma dança de união entre as naturezas macho e fêmea de algo muito maior, algo que não é somente fêmea a e não é só macho, mas uma unidade entre ambos, e é uma união onde ambos estão se dissolvendo um no outro. E a Morte é um ato de amor, o gozo supremo; há penetração, há encontro e fusão, na fusão há dissolução e descoberta. Há então uma comunicação, porque o amor é sempre um intenso encontro que permite uma profunda comunicação de onde brota felicidade, êxtase e bem aventurança. 

Através de uma fusão sexual, a fêmea e o macho estão unindo-se, e ao desaparecerem um no outro  acontece uma estreita comunicação. É uma imagem muito bela. Tudo ali é gozo; êxtase e a Morte está falando à sua esposa, que permanece sentada sobre seu colo durante todo o encontro. A Morte é união, a Morte é encontro e descoberta e sua esposa está sentada sobre seu pênis erguido. Encontro, há então uma fusão, há uma penetração profunda no desconhecido; súbito há gozo, supremo êxtase e descoberta; uma iluminação. 

Penetração profunda, fusão, descoberta e gozo. Isso é o conhecimento, a Morte é a entrada em um novo espaço e é um meio para o conhecimento de algo profundo. É como quando o pênis do macho penetra profundamente a vagina da fêmea; é como entrar em algo profundo, vivo, vibrante, cheio de vitalidade e é uma penetração no corpo. Súbito há gozo, de repente vem o conhecimento, então há descoberta; é a Verdade, há iluminação.

E a imagem do encontro sexual em meio a deuses é perfeita, a fusão é tão intensa que não é desse mundo, é divina; o encontro é tão total e penetrante que chega a tocar o divino. E a Morte entrega-se a ela de maneira tão total que Criação e Duração desaparecem ali no ato de união da Destruição com sua esposa. E desaparecem porque não são três, são um só.

Por isso a ênfase no pênis, é corporal e trata-se de penetrar além, trata-se de estar no corpo, entrar e conhecer além; trata-se de entrar no desconhecido e descobrir; é um fenômeno de conhecimento profundo, é realização, é iluminação, descoberta em êxtase. O gozo supremo; a imagem do falo ereto, a imagem do pênis erguido na vertical é simplesmente genial porque a morte nos assusta e para nós a morte é medo, mas o sexo nos deixa embriagados de desejo. Agora queremos entrar, agora não há medo, desejamos penetrar e gozar, e desejamos nos entregar à penetração e desaparecer em um gozo profundo. 

A imagem é tão forte e bela que o pensamento para, o medo desaparece e surge o desejo de conhecer o desconhecido por dentro. A morte é medo, temos medo da morte porque é o desconhecido, mas o desejo sexual é muito mais poderoso, o desejo de penetrar e ser penetrado, o desejo de se fundir e desaparecer no gozo é tão intenso que esquecemos o medo, nos entregamos e nossa entrega é total. 

Então a mente cessa, e ali em gozo o eu desaparece; é a realização, é bem aventurança; e estamos nos dissolvemos em um espaço pleno de Luz viva. Entramos ali e vem a iluminação, somos preenchidos de Luz, conhecemos a Morte por dentro, descemos até sua mais íntima profundeza; e tudo é Luz.


A Morte é uma profunda penetração no desconhecido. Penetrar é conhecer, então macho e fêmea desaparecem um no outro e o que resta é iluminação; penetrar é descer até o fundo, descobrir, celebrar o mistério, então a mente cessa de existir e a sexualidade é transformada em um gozo luminoso. 

O pênis, a vagina… são coisas corporais, existenciais, onde os pensamentos cessam, são desnecessários, nenhuma crença é necessária, o corpo é suficiente. Descer ao corpo, estar ali presente, entrar ali e deixar que o olhar seja levado para dentro até a mais profunda intimidade; isso é se dissolver e conhecer o Supremo dentro de si mesmo; e é a mais alta realização, uma nova união em plenitude de consciência com a divina Luz de Ouro. É muito belo.

Gratidão a Shiva-Brahma-Vishnu

O que acontece quando morremos? II     O que acontece quando morremos? III

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Morrer para a mente

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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Morrer para o que Você Conhece



O maior dos desafios de um discípulo é passar por esse conhecimento devastador da morte por dentro. Mas não há nenhuma vida verdadeira sem essa travessia interior.

Não há nisso que é morte qualquer negociação. Diante dela de nada adianta você pode pedir mais tempo; ali o tempo acabou, o pensamento finda, a mente está silenciosa e o eu não é mais.


A morte sempre é algo definitivo e total; e sua natureza é absoluta; divina mesmo. E a morte tem de ser divina porque a Vida é pura divindade em ação.

O problema com a morte é que ela está sempre fora de seu controle; aliás como tudo na vida. E não pode ser diferente porque morte e Vida não são dois; são um único fenômeno de Ser. Não existe isso de morte contra a Vida e a Vida está sempre surgindo da morte. Quanto mais morte, mais Vida e isso está acontecendo agora em todo o universo. 

Morte e Vida; uma nascendo de dentro da outra, uma surgindo da outra a cada instante.

Por esse motivo na realidade, não há isso de morte no fim da vida; é como uma fonte abundante, o que existe é um vasto nascimento constante; transbordamento vivo e constante, sem fim.


E ela é como todas as coisas que são naturais: uma espontaneidade de ser. Ela vem quando quer e isso não depende de seu desejo. Não adianta querer morrer e de nada adianta desejar não morrer.

Quando alguém vai nascer, ninguém sabe dizer exatamente quando; e quando alguém vai morrer é o mesmo. Porque não são duas experiências; são uma experiência única de Ser.

Só há uma forma de atravessar a morte: deixando que aquilo aconteça por si mesmo. Deixando que aquilo seja o que É e mova-se segundo sua própria inteligência.

A morte exige total abandono de si mesmo e nesse abandono mostra-se o Ser que É. 

Mas você nunca faz isso, nunca confia e jamais deixa que a coisas sejam apenas aquilo que são. E não vai ser na hora da morte que isso vai acontecer. Daí a importância de conhecer a morte aprendendo a olhar com calma dentro dela, a cada reação da mente diante do movimento total da Vida.

Esse largar a coisa e confiar; esse simples desprender-se; esse deixar ser o que É é a coisa mais difícil para um discípulo. Porque nosso treinamento mental é nos manter agarrados; é lutar pelo controle, possuir algo para chamar de "meu".

O problema com isso é que jamais abandonamos nossa obsessão pelo controle e estamos sempre nos agarrando a algo. Vivemos de desejos e crenças e todas as formas de crença são uma tentativa desesperada de controle. 

A forma mais baixa dessa mentalidade obsessiva é a tentativa de controlar o outro, e sua forma mais violenta é a tentativa de controlar a morte. A mais baixa é chamada de ciúme e a forma mais violenta chamamos de Deus.

Mas a resposta ao desafio de morrer, assim como o de viver, não é lutar por mais controle.

A resposta é mais e mais consciência. 

E somente a presença que se traduz em compreensão, olhando todos os dias alerta dentro das reações dessa mente que não quer largar seu eu, é capaz de nos levar a esse crescimento feliz e simples na consciência.


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